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No ritmo atual, população santa-mariense terá imunização concluída em 2023

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Foto: Pedro Piegas (Diário)
A avaliação de especialistas é de que o ritmo da vacinação contra a Covid-19 precisa ser acelerado. Essa é a avaliação da diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Mônica Levi. Ela faz o comparativo com as campanhas de imunização da gripe, em que são vacinadas mais pessoas por dia. Com mais aplicações, a circulação do vírus cai, e diminuem as possibilidades do surgimento de mutações.

- A vacinação é interrompida. As vacinas chegam em lote. É impossível fazer um planejamento pelo Plano Nacional de Imunização (PNI). É preciso acelerar as produções do Butantan e da Fiocruz, e que o governo compre vacinas - avalia.

Porém, Mônica também reitera a importância de seguir as notas técnicas do Ministério da Saúde. Segundo a diretora, não dá para usar vacinas destinadas para segunda dose para primeiras aplicações. A vacinação teve que ser interrompida por faltar doses em cidades como Rio de Janeiro, Cuiabá, Salvador e Curitiba.

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- É de gestão. É preciso resguardar para a segunda dose. Com novo lote, amplia. É irresponsável usar todas - diz.

A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) emitiu uma nota, na última terça-feira, em cobrança por uma vacinação em massa no país. A FNP também afirma que "os sucessivos equívocos do governo federal na coordenação do enfrentamento à Covid-19, e também na condução do PNI, estão diretamente ligados à escassez e à falta de doses de vacinas em cidades de todo o país".

NESTE RITMO, TERMINA SÓ EM 2023

A pedido do Diário, o doutor em Engenharia de Produção e professor da UFSM Luis Felipe Dias Lopes fez uma projeção matemática com base no atual ritmo de vacinação de Santa maria. Na velocidade de hoje, a população de Santa Maria (283.677 conforme dados de 2020 do IBGE) seria completamente vacinada com duas doses em 28 meses. Contando a partir de fevereiro, o fim da imunização aconteceria apenas em junho de 2023. A estimativa leva em conta que, para cada dose aplicada, já há a garantia da segunda dose, um mês depois.

Se forem excluídos da conta as pessoas menores de 16 anos, que, atualmente, não podem ser vacinadas, a imunização poderia ser concluída em 21 meses. A projeção é matemática e considera o ritmo atual, com base nos dados do Vacinômetro atualizado pela prefeitura na última sexta-feira. Com a chegada de cada vez mais doses e a realização de novas ações de vacinação, o tempo de espera diminui. Se o cronograma de disponibilidade de doses do Ministério da Saúde for cumprido, por exemplo, o ritmo deverá ser acelerado.

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Para Marcos Lobato, médico epidemiologista da prefeitura e professor universitário, a imunização não deve terminar em 2021.

- É difícil fazer uma estimativa, mas não antes do final do ano, isso se tudo der certo. É que o Brasil começou muito atrasado. Estou há mais de 20 anos trabalhando no Sistema Único de Saúde (SUS), e, infelizmente, desta vez, o governo federal, que é quem negocia, quem tem a competência, atrasou o processo - explica.

Lopes também fez uma projeção de um cenário ideal, com 100% da população adulta santa-mariense vacinada até o fim de dezembro de 2021. Neste cenário, por volta de 20 mil pessoas precisam receber a primeira dose a cada mês. Como há a necessidade de uma segunda dose 28 dias depois, no caso da CoronaVac, ou três meses depois, com a vacina de Oxford, Santa Maria precisaria aplicar em torno de 40 mil doses mensalmente até o fim do ano.

DEPOIS DA VACINA, A VIDA VOLTA AO "NORMAL"?

As pesquisas indicam que ambas vacinas disponíveis no Estado não têm eficácia de 100% contra a contaminação da Covid-19, ou seja, mesmo imunizado, ainda há risco de contrair o coronavírus e infectar outras pessoas.

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- A eficácia em geral é diferente de uma e outra, mas ambas têm uma ótima eficácia em prevenir a doença moderada ou grave, ou seja, as pessoas vacinadas dificilmente vão necessitar de internação e ir a óbito, e isso que é importante neste momento - explica o virologista e professor de Saúde Pública e Epidemiologia no curso de Medicina Veterinária da UFSM, Eduardo Furtado Flores.

Além disso, a vacina não tem um efeito imediato:

- Elas são feitas em duas doses para estimular bem o sistema imunológico a montar uma resposta e reforçá-la. A pessoa só vai poder ser considerada protegida após cerca de 15 a 20 dias após a segunda dose - completa Flores.

Por ser uma pandemia que ainda não completou nem seu primeiro ano, os especialistas ainda não sabem dizer por quanto tempo a vacina é capaz de dar proteção aos imunizados.

- O que se pensa é que provavelmente vai ter que ser feita uma vacinação anual, com reforços, mas ainda não se sabe, porque é um vírus novo - aponta o virologista.

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O médico epidemiologista Marcos Lobato, que desde o começo da pandemia coordena o Centro de Referência Municipal de Covid-19, concorda, e acrescenta que "só o tempo poderá confirmar". Por isso, a vida não vai voltar ao "normal" tão cedo, e o uso de máscara e distanciamento deve seguir sendo imprescindível por todos:

- Todos os protocolos devem continuar sendo seguidos, porque as pesquisas ainda não tem certeza de que as pessoas estão protegidas da contaminação, ela ainda pode ter uma infecção leve ou ficar assintomática. Na história das vacinas, várias delas protegem o indivíduo, mas não impedem que ele se contamine e transmita. Logo, a recomendação é mesmo depois de vacinado permanecer usando máscara e obedecendo o distanciamento, pelo menos enquanto o vírus estiver circulando - reitera Lobato. 

*colaboraram Leonardo Catto e Felipe Backes

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